segunda-feira, 16 de março de 2009

Acordo Ortográfico, humpf...


Esses dias minha irmãzinha chegou da escola, incrédula, peguntando se eu já sabia que "idéia" não tinha mais acento. Ao dizer isso ela libertou uma raiva que já tava quase adormecida em mim, ela ia ficar adormecida até, sei lá, 2011, quando eu ia ser obrigada a superar o meu ódio por quem teve essa idéia ridícula e tomar alguma atitude.

Sim, eu tenho plena consciência de que deixar pra aprender as mudanças em cima da hora não é nem de longe a opção mais segura, mas depois de pensar em mudar de país, tornar o inglês o meu idioma oficial, ou organizar uma passeata contra a reforma ortográfica na Praça do Três Poderes, eu decidi que me recusar a aprender as novas regras era o jeito mais fácil (e menos eficiente) de protesto.

Ninguém perguntou o que eu, ou você pensávamos sobre essa mudança. Quem garante que eu quero escrever mais parecido com os portugueses ou outros povos de países de língua portuguesa? Não, eu não quero! Cada país de língua portuguesa tem suas individualidades na fala, na escrita, no vocabulário, e não é uma modificação aqui e outra ali que vai unificar os diferentes estilos de português que surgiram em cada país.

Angola, Cabo Verde, Moçambique, foram colonizados pelo mesmo país que nós, aprenderam o mesmo português que nós, mas o fato é que nós não somos mais colônias.

Os países de língua portuguesa sempre vão ter algo em comum, independente de adotarem o mesmo acordo ortográfico ou não, na minha opinião essa reforma é mais uma opressora de personalidade do que uma unificadora cultural ou qualquer coisa do tipo.

Mas, olhando pras novas regras, eu pude valorizar alguns aspectos já bastante esquecidos da ortografia anterior, por exemplo, quantos de vocês escreviam, de fato, "linguiça" com trema? Totalmente dispensável, não? NÃO. Como que explica pra uma criança que está sendo alfabetizada a pronúncia dessa palavra sem ser pela trema? O "voo" com chapéuzinho de vovô não fica muito mais elegante?

O fato é que, se uma criança de 9 anos (a irmã citada no início) está confusa com a mudanças, imagina quem, depois de se esforçar por anos para escrever certo, vai ter que aprender de novo?
Ok. ok, mudanças sempre correm risco de serem boas, e assim eu espero que seja.

Eu vou aceitar esse post como o meu tão sonhado protesto e vou deixar de lado essa história de só mudar em 2011. Eu já baixei meu manual do novo acordo, e de agora em diante eu estarei me esforçando pra praticar o novo jeito de escrever, afnal, como estudante de jornalismo eu não posso me dar ao luxo de ficar pra trás.

Ah, qual é, Plutão não é mais planeta, o Monte Everest não tem mais a mesma medida, que eu custei tanto pra decorar, porque, sabe-se lá porque, os professores julgavam importante que eu soubesse. Mudanças acontecem, e nós, seres humanos, temos a grande habilidade de nos adaptarmos. Então, vamos deixar de birra e estudar logo essa chatice de acordo ortográfico.

Pensa só nas histórias que a gente vai ter pra contar pros netos: "ô meu querido, minhas fraldas foram pagas por cruzeiros, naquela época a gente tinha 9 planetas, e você acha que a gente escrevia desse jeito? Nananinanão. Saudades daqueles tempos meu filho..."

segunda-feira, 9 de março de 2009

Mulheres, a evolução.


O Dia Internacional da Mulher foi estabelecido em 1910 numa conferência internacional na Dinamarca, sendo desde 1975 reconhecido pelas Nações Unidas. O dia 8 de março foi escolhido em homenagem às cerca de 130 mulheres mortas durante um protesto por redução de carga horária e melhores salários em uma fábrica têxtil de Nova Iorque.
Ontem, na igreja, o discurso sobre a origem do Dia Internacional da Mulher e sua importância foi muito mais poético e inspirador do que eu fiz acima, mas como minhas habilidades não me permitem nem reproduzir o que foi dito e nem criar nada melhor, fica aqui o meu pedido de desculpa.
Mas então, voltando a evolução...
Esses dias me mandaram um e-mail com algumas frases retiradas de revistas femininas antigas, como "O lugar de mulher é no lar. O trabalho fora de casa masculiniza" , publicada na Revista Querida em 1955 e "A mulher deve fazer o marido descansar nas horas vagas, servindo-lhe uma cerveja bem gelada. Nada de incomodá-lo com serviços ou notícias domésticas" , do Jornal das Moças em 1959.
O conteúdo desses meios de comunicação do universo feminino são altamente contrastantes com as publicações de hoje.
O trabalho fora de casa é uma realidade concreta para a maioria das mulheres, o serviço doméstico não é mais uma atividade exclusivamente feminina, assim como a educação dos filhos. As mulheres, ao longo dos anos, a exemplo das operárias norte-americanas assassinadas, vêm lutando por seus direitos e saindo de um patamar inferior ao dos homens que por muito tempo foi imposto a elas.
Não que hoje todas as mulheres sejam obrigadas a virarem grandes executivas, independentes de homens, livres do serviço doméstico para consagrar as conquistas adquiridas nesses muitos anos. A maior de todas as conquistas não foi tomar o espaço historicamente masculino, mas sim ter a opção de compartilhá-lo com eles. É poder escolher entre a vida doméstica, o trabalho fora de casa, ou os dois de uma vez, é poder escolher entre ser casada, solteira, divorciada, é poder escolher a hora de ter filhos ou optar por não tê-los.
Enfim, parabéns mulheres de hoje, de ontem, de sempre, por todo o trabalho, toda a luta e todos os exemplos ;)